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*Por Arnaldo Luiz Corrêa – gestor de riscos em commodities agrícolas, especializado no setor sucroalcooleiro, e diretor da Archer Consulting.

O mercado de açúcar em NY fechou a semana em alta, depois de longo período, encerrando a 15.51 centavos de dólar por libra-peso no vencimento julho/2017, com 20 pontos de alta. Desde fevereiro o mercado não fechava no azul (exceção de uma semana em que variou magérrimo um ponto de alta).

Os mercados de commodities exageram na alta e na baixa. Os ânimos se inflamam de maneira similar quando ocorrem fortes movimentos de compra ou de venda. Por exemplo, era corriqueiro encontrar altistas quando o mercado negociava perto dos 24 centavos de dólar por libra-peso, em outubro de 2016, assim como encontram-se baixistas agora que estamos próximos dos 15 centavos de dólar por libra-peso.

Precisamos avaliar com muito cuidado os fatos que podem determinar – a partir de agora – uma recuperação dos preços no mercado. A queda do açúcar desde o pico de 21.49 centavos de dólar por libra-peso neste ano até 15.12 centavos de dólar por libra-peso, em 27 de abril, estimula as usinas a refazerem suas projeções de produção de açúcar.

O efeito caixa que o etanol produz para as usinas pela facilidade e liquidez e, principalmente, o crédito fiscal do PIS/Cofins significam uma paridade atrativa para que as usinas produzam mais o combustível em detrimento do açúcar.  Esse detalhe, ainda não absorvido pelo mercado, pode fazer com que 47.5% torne-se inexequível neste cenário de preços baixos e uma revisão para 46% pode ser viável.

Desta forma, a disponibilidade de açúcar a ser produzido no Centro-Sul para a safra 2017/2018 pode experimentar uma redução de até dois milhões de toneladas. O cenário atual também dificulta a expansão de países como a Tailândia, cujo custo de produção estimado pela Archer Consulting é de 15.46 centavos de dólar por libra-peso, base usina, preços de fevereiro passado.

Outro ponto que merece destaque é que o consumo de combustíveis em gasolina equivalente no período que vai de abril de 2016 até março de 2017 se igualou ao mesmo período do ano anterior, ou seja, com o PIB caindo 3.6% o consumo de combustível ficou no zero a zero. A relação PIB/Consumo mostra que quando a atividade econômica cai, o consumo de combustíveis cai menos e, também, quando a atividade econômica se acelera, o consumo de combustíveis aumenta ainda mais.

Ora, se o Brasil recuperar o crescimento em 2018 e eleger um presidente comprometido com o desenvolvimento, seja liberal e pró-mercado, poderemos assistir a uma aceleração do consumo de combustíveis como já ocorreu, por exemplo, no final do segundo mandato de Lula em 2014 quando o consumo ano sobre ano alcançou 8.33%. E aí reside o problema estrutural que vamos enfrentar.

Desde a safra 2009/2010, em que o Centro-Sul moeu 542 milhões de toneladas de cana, até a presente safra 2017/2018, cujo número da Archer Consulting prevê uma produção 586 milhões de toneladas de cana, a expansão média anual no período foi de menos de 1% – muito inferior ao crescimento do consumo mundial (2.1% segundo a ISO) e abaixo de média de crescimento dos principais concorrentes do Brasil.

Nossas estimativas indicam que o déficit de cana no Brasil para as próximas duas safras (2018/2019 e 2019/2020) deverá atingir quase 50 milhões de toneladas de cana, assumindo conservadoramente uma exportação de açúcar de 27.1 e 27.7 milhões de toneladas respectivamente.

Olhando o curto prazo é sempre mais difícil apostar o que os preços vão fazer amanhã. Mas a visão fundamentalista imparcial nos mostra inequivocamente que o mercado de açúcar é construtivo no longo prazo, principalmente por não haver no Brasil nenhuma possibilidade de expansão de produção que atenda a demanda potencial nos próximos anos.

A solução, já cantada aqui em verso e prosa, vai ter que passar pela combinação ou escolha de se importar mais gasolina, etanol de milho ou os preços dos combustíveis para o consumidor.

Isso posto, achamos que a visita que o mercado faz à vizinhança dos 15 centavos de dólar por libra-peso terá vida curtíssima e os fundos que apostam numa maior queda do preço do açúcar podem quebrar a cara como já ocorrera em sua participação no café no ano passado. No segundo semestre, não será surpresa se os preços do açúcar em NY retornarem ao patamar de 18-20 centavos de dólar por libra-peso. Salvo se houver a presença de algum fator exógeno extraordinário.

Mas, o que ainda pode colocar o mercado de açúcar em NY mais para baixo? Bem, alguns pontos devem ser cuidadosamente observados: a) se o petróleo permanecer por longo período abaixo dos 50 dólares por barril combinado com um real fortalecido; b) se o Centro-Sul produzir além de 600 milhões de toneladas de cana; c) se os fundos adicionarem mais vendas à sua posição vendida a descoberto (esta semana não fizeram isso); d) se o mix de açúcar for acima de 47.5%; e) se a Petrobras diminuir o preço da gasolina (com base no preço internacional, essa possibilidade existe).

A 28ª. Edição do Curso Intensivo de Futuros, Opções e Derivativos – Commodities Agrícolas (em português), da Archer Consulting, vai ocorrer nos dias 19 (terça), 20 (quarta) e 21 (quinta) de setembro de 2017, das 09 às 17 horas, em São Paulo – SP, no Hotel Paulista Wall Street. Não deixe para a última hora e aproveite os descontos.

*A Archer Consulting é uma consultoria especializada em gestão de riscos para commodities agrícolas, com assessoria em mercado de futuros e opções – empresa parceira da Centrosucar. Caso tenha interesse em receber outras análises de mercado e artigos, acesse aqui.