PortuguêsSão PauloSão PauloPirassununga Seg-Sex 08:00-18:00 +55 11 2666-3666 Seg-Sex 08:00-18:00 +55 19 4042-8686
atendimento@centrosucar.com
Telefone
11 2666-3666
E-mail Comercial
vendas@centrosucar.com
Padrão Industrial
Dulcini
Cotações

Por Arnaldo Luiz Corrêa – gestor de riscos em commodities agrícolas, especializado no setor sucroalcooleiro, e diretor da Archer Consulting.

O mercado futuro de açúcar em NY despencou na semana passada por duas razões fundamentais: a primeira, o começo da moagem de cana no Centro-Sul e o início da produção de etanol pressionaram os preços do combustível que mergulharam de R$ 2,2000 por litro para R$ 1,8000 por litro. Em geral, o início da safra é o período em que as usinas, em especial aquelas com – eufemisticamente dizendo – reduzida flexibilidade no fluxo de caixa, precisam fazer dinheiro para atender aos compromissos assumidos durante a entressafra. Vendem o produto com a velocidade e necessidade que o momento impõe e evidentemente aumentam o desconto.

A segunda razão é a liquidação parcial das maciças compras dos fundos avalizadas pela performance estrondosa de um mercado que simplesmente se valorizou fortemente em um curto espaço de tempo e é natural que decidam tomar lucro. Só que os fundos reportaram uma posição comprada até a última terça-feira, quando os dados são apurados, de nada menos de 224.000 contratos (quase batendo o recorde de 2008 quando eles possuíram quase 240.000). Ou seja, adicionaram mais compras num mercado em queda. O fechamento fraco da semana poderá acionar mais liquidações dos fundos (que devem ter liquidado entre quarta e sexta) após a divulgação do elevado volume de posição comprada por parte deles.

Mas, atenção: o fraco desempenho de NY na semana, com vencimento maio/2016 perdendo 17 dólares por tonelada em relação à semana anterior e fechando a 15.18 centavos de dólar por libra-peso, não invalida o que temos discutido aqui sobre os fundamentos construtivos de longo prazo.

Oscilações como as que têm ocorrido no açúcar são naturais no mercado de commodities, mormente quando o futuro no curto prazo “ignora” o comportamento do mercado físico. Faltou a este, vinculado que está a oferta e demanda do produto espelhar o vigor do mercado futuro que é alimentado pelos fundos por razões e fatores muitas vezes exógenos à própria commodity. Pois bem, o físico se mantém devagar e a falha em não validar o movimento do futuro, acaba esgarçando o tênue tecido deste. Assim, NY assistiu a uma queda quase que linear de 17-18 dólares por tonelada nos quatro meses que representam a safra 2016/2017 do Centro-Sul e, ao longo da curva de preços que se estende até outubro de 2018, também teve desempenho negativo entre 5 e 14 dólares por tonelada.

(…)

O longo prazo continua construtivo e as expectativas de produção seja no Centro-Sul, seja na Tailândia ou na Índia deverão se consolidar ao longo do ano apontando para preços mais altos em centavos de dólar por libra-peso. Minha preocupação é que haverá uma potencialização desse quadro de disponibilidade por parte do Brasil até meados do segundo semestre deste ano. A renovação do canavial foi muito aquém do necessário, o volume de produção de cana está basicamente estagnado há anos, a produção de ATR pode ir para seu quarto ano consecutivo de queda. As projeções de produção e consumo, extremamente conservadoras, mostram uma razoável possibilidade de déficits para 2017/2018 e 2018/2019. O quadro – mesmo conservadoramente – é muito positivo.

Qual produtor vai suprir as dezenove milhões de toneladas de açúcar adicionais que o mundo vai consumir em 2020/2021? Como serão supridas as 110 milhões de toneladas de cana que o Brasil vai precisar moer em 2020/2021 para atender a demanda de etanol no mercado interno, do açúcar no mercado interno e da exportação de açúcar, assumindo neste caso que não vamos exportar mais do que 25 milhões de toneladas? Uma pergunta de um milhão de dólares!!

Mudando de assunto, fique de olho: as opções de maio vencem daqui a duas semanas. Existem quase 24.000 calls em aberto no preço de exercício de 15.50 e 16.00 centavos de dólar por libra-peso. Aqueles que venderam calls especulativamente podem se assustar numa subida repentina de mercado e ter que ajustar suas posições via delta. Do lado das puts, a mesma quantidade paira entre os preços de exercício de 13.50 e 14.00. Podemos ter um vencimento de opções bastante animado e volátil, bem ao gosto dos especuladores.